Moradores do Pinheirinho em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, comemoraram uma liminar emitida pela Justiça Federal, durante a madrugada desta terça-feira (17), suspendendo temporariamente a operação de reintegração de posse na ocupação.
Cerca de 1.800 policiais militares, incluindo homens da Cavalaria e do Canil, chegaram a cercar o terreno de 1 milhão e 300 mil metros quadrados, mas não entraram.
A área foi ocupada em 2004 por uma comunidade ligada ao Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto (MTST). Pelo menos 1.600 famílias, totalizando mais de 5.500 pessoas, vivem no local.
O terreno pertence à empresa Selecta, do grupo Naji Nahas.
Incêndio e protestos
Um ônibus e um carro foram incendiados no final da noite de segunda-feira (16), próximo ao local.
Na semana passada, um "exército" de moradores exibiu armas e escudos para resistir à ordem da Justiça. A entrada do assentamento segue sob vigilância.
Um grupo de moradores de Pinheirinho fez uma manifestação na manhã de sexta-feira (13) contra a reintegração de posse do terreno. Na mesma manhã, representantes do acampamento se reuniram com membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e com lideranças sindicais para tentar definir o futuro dos moradores da área.
De acordo com o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), representantes de 18 sindicatos, além de movimentos sociais, partidos políticos e entidades estudantis participaram de um ato em solidariedade ao Pinheirinho também na sexta-feira, em frente à ocupação. Cerca de 500 moradores estiveram na manifestação.
A ordem de reintegração de posse foi assinada pela juíza Márcia Loureiro, da 6ª. Vara Cível de São José dos Campos, em meio a negociações de acordo já iniciadas pelos governos federal, estadual e municipal.
O maior impasse entre as esferas do governo está nas mãos da prefeitura de São José dos Campos, que se recusa a inscrever a ocupação no Programa Cidade Legal, o primeiro passo para a regularização da área.
Nota da CSP-Conlutas/MG: a luta dos moradores do Pinheirinho é a mesma luta das Comunidades Dandara, Camilo Torres e Irmã Dorothy. Em um país em que moradia popular não é prioridade de nenhum governo o lema: "invadir, ocupar, resistir!" encontra eco nos movimentos populares, partidos de esquerda e nos corações de todos aqueles que sabem que não existe dignidade para o trabalhador sem luta e resistência!
Assista o vídeo sobre o Pinheirinho abaixo:
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