A economia brasileira começou o ano
sem acelerar, ao contrário do que esperava governo, com resultado
abaixo do esperado pelo mercado e pela própria equipe econômica. Os maus
sinais vieram de toda parte, com destaque para investimentos e setor
agropecuário e levarão o mercado a reduzir as contas para o ano.
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,2 por
cento no primeiro trimestre deste ano, quando comparado com o quarto
trimestre de 2011. Em relação ao mesmo período do ano passado, a
expansão foi de 0,8 por cento.
"Foi praticamente uma estabilidade. Não dá para falar em crescimento com uma taxa de 0,2 por cento", resumiu a economista do IBGE Rebeca Palis.
O IBGE ainda revisou para baixo a expansão do PIB no
quarto trimestre de 2011 sobre o terceiro, de 0,3 para 0,2 por cento,
mas apesar disso manteve a expansão de todo o ano passado em 2,7 por
cento.
Os setores que contribuíram positivamente para o
resultado no trimestre passado foram indústria, com expansão de 1,7 por
cento sobre outubro-dezembro de 2011, e serviços, com alta de 0,6 por
cento.
O bom desempenho da indústria veio porque, para o
resultado do PIB, o IBGE considera o valor adicionado pelo setor no
período. Já para o indicador de produção industrial, que vem
apresentando quedas, o instituto faz seus cálculos com base no volume
produzido.
Na comparação entre o quarto e o primeiro trimestres, a alta da indústria deveu-se principalmente aos desempenhos do setor de
transformação (1,9 por cento), produção e distribuição de água e energia
(1,5 por cento) e construção civil (1,3 por cento).
No entanto, na comparação anual, a indústria avançou
apenas 0,1 por cento, sob efeito negativo do segmento da transformação,
com queda de 2,6 por cento.
"A indústria de transformação foi afetada pela parada
na produção de caminhões no início do ano, menor produção de máquinas e
equipamentos e impactos da crise sobre a produção de metalúrgicos, além
da entrada de importados nas áreas de vestuário e calçados", completou
Rebeca.
O setor agropecuário, no entanto, teve um tombo de 7,3
por cento. Segundo o IBGE, a queda veio por causa da estiagem na região
Sul e Nordeste do país, que afetou a colheita de produtos como fumo,
arroz e soja, principal cultura da pauta agrícola nacional.
"A soja, que é muito importante, teve um desempenho muito ruim em razão de problemas climáticos", explicou Rebeca.
INVESTIMENTOS MINGUAM
Os números da economia brasileira anunciados nesta
manhã deixaram claro que os investimentos, uma das maiores preocupações
do governo, pioraram.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) -uma medida de
investimento- recuou 1,8 por cento no trimestre passado, ante o quarto
trimestre de 2011, segundo o IBGE, a menor variação trimestral desde o
primeiro trimestre de 2009. A taxa de investimento em relação ao PIB
ficou em 18,7 porcento, enquanto um ano antes ela estava em 19,5 por cento.
"O que chama a atenção é o investimento muito
fraco...Nesse cenário de economia lá fora bastante ruim, fica complicado
de você imaginar uma recuperação muito forte na parte de investimento, a
não ser que seja fortemente induzido pelo governo", afirmou o
economista-chefe da asset Mauá Sekular, Rodrigo Melo, acrescentando que o
crescimento deste ano deve ser menor do que o projetado pelo mercado.
O último relatório Focus do Banco Central mostrou que
os especialistas calculavam crescimento do PIB de 2,99 por cento neste
ano.
O consumo do governo, por outro lado, cresceu 1,5 por
cento no trimestre passado, frente ao quarto trimestre, enquanto o das
famílias, 1,0 por cento. O IBGE ressaltou que o peso do consumo do
governo para a formação do PIB é 3 vezes menor que o do consumo das
famílias.
"O consumo das famílias foi o componente que mais
contribuiu para o crescimento do PIB, influenciado pelo crescimento da
massa salarial real e do emprego", disse a economista do IBGE.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2011, o consumo das famílias aumentou 2,5 por cento e o do governo 3,4 por cento. Já a FBCF caiu 2,1 por cento nessa comparação.
O desempenho dos setores nesta comparação, mostrou
crescimento de 1,6 por cento nos serviços e de apenas 0,1 por cento da
indústria, enquanto a agropecuária despencou 8,5 por cento.
O IBGE ressaltou ainda que e, depois de vários
trimestres, a intermediação financeira (atividade bancária) mostrou
desempenho ruim no trimestre passado, com queda de 0,8 por cento na
comparação sazonal. Trata-se do pior resultado desde o quarto trimestre
de 2008, período da crise internacional mais aguda.
"Houve uma redução no ritmo do crédito agora no
primeiro trimestre e um aumento na inadimplência o que levou os bancos
aumentarem suas provisões sobre créditos duvidosos. Isso afetou o lucro
do setor", resumiu Rebeca.
DIFICULDADES
A economia titubeante tem sido o calcanhar de Aquiles
do governo Dilma Roussef neste início de ano sobretudo devido ao
desempenho da indústria. Afetada pela crise internacional mais aguda e
pela desaceleração do crédito no mercado interno, a atividade ainda
mostrou sinais de cansaço nesses primeiros meses.
"Os dados consolidam que não estamos imunes à crise", avaliou Miguel Daoud, da Global Finanças Advisor.
Outros importantes países emergentes também estão
sofrendo com a conjuntura internacional. Na quinta-feira, a Índia
anunciou que teve o pior crescimento em 9 anos.
Aqui no Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
havia afirmado à Reuters que o PIB brasileiro teria crescido entre 0,3 e
0,5 por cento no trimestre passado, quando comparado com outubro e
dezembro passados, e que a atividade já estava acelerando. Nenhuma das
duas previsões se confirmou.
Segundo pesquisa da Reuters, a mediana de previsões de
29 analistas mostrava que o PIB brasileiro teria crescido 0,5 por cento
no primeiro trimestre de 2012 ante o período anterior. Sobre janeiro a
março de 2011, as contas apontavam expansão de 1,3 por cento, pela
mediana de 25 previsões.
Na véspera, o IBGE informou que a produção industrial
do país caiu 0,2 por cento em abril frente a março, a segunda queda
seguida e a terceira variação negativa mensal no ano. Na comparação com
abril de 2011, a produção diminuiu 2,9 por cento, oitava contração
seguida.
Por conta disso, o governo tem adotado diversas medidas
de estímulos, como a redução da Selic ao menor nível histórico -de 8,50
por cento ao ano-, desonerações fiscais e liberação de mais crédito.
A última ação foi definida na quinta-feira, quando o
governo elevou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), entre outros, de motos importadas ou que não sejam produzidas na
Zona Franca de Manaus para proteger os fabricantes no país.
(Reportagem adicional de Diogo Ferreira Gomes; Texto de Patrícia Duarte)
Fonte: Agencia Reuters/www.uol.com.br
Nota do blog: A economia brasileira desacelera a olhos vistos, acompanhando o desempenho dos países da Zona do Euro, principalmente Grécia, Espanha e Portugal. Se houver uma queda nos preços do commodities (minério, soja e carne) o Brasil fatalmente terá um PIB negativo. Por enquanto, a China está mantendo suas exportações no país e garantido o superávit da nossa balança comercial. Mas nada indica que esse cenário se mantém a médio e longo prazo. As indústrias estão reduzindo sua produção, e o índice de desemprego pode aumentar. A política do governo de expansão do crédito está levando a classe trabalhadora a um nível de individamento sem precedentes, pois tal política não veio acompanhada de uma recuperação do poder de compra dos salários da Classe Trabalhadora. Devido a esses fatores, estamos diante de um possível novo ascenso das lutas, pois nenhum capitalista irá querer abrir mão de seus lucros diante da crise que se avizinha. A única solução é a mobilização dos trabalhadores frente aos ataques que virão dos governos e da burguesia!
A CSP-Conlutas estará a frente e apoiando todas as mobilizações!
TODO APOIO AS GREVES DA CONSTRUÇÃO CIVIL, EDUCAÇÃO, SERVIDORES PÚBLICOS, METROVIÁRIOS, MINERAÇÃO!
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