O
1º Encontro de Mulheres da CSP-Conlutas teve entre os objetivos
principais debater a importância da organização de base para as mulheres
trabalhadoras. Havia 487 delegadas vindas de São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará, Alagoas, Pernambuco, Ceará,
Paraíba, Rio Grande do Sul entre outros estados de todo país. O evento
antecedeu o 1° Congresso da CSP-Conlutas cuja abertura começou às 18h30
desta sexta-feira na Estância Arvore da Vida, em Sumaré (SP).
A
representante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas , Ana
Pagamunici, também integrante do Movimento Mulheres em Luta, fez uma
saudação com a analise da conjuntura internacional e nacional e abordou
a superexploração dos setores oprimidos pelo capitalismo.
Ana
lembrou que o Brasil governado por Dilma, primeira mulher eleita
presidente em nossa história, está longe de defender políticas que
atendam realmente as necessidades das mulheres. “Não basta ser mulher, é
preciso ter um programa que defenda a classe”, reafirmou em sua fala e
frisou que infelizmente, os 16 meses deste governo mostram que Dilma
optou por governar para banqueiros e empresários.
Foi
explanado ao plenário o debate sobre o que é a classe trabalhadora
hoje, onde 56% das mulheres trabalhadoras estão no serviço público e 20%
no privado. Nos últimos anos houve 120% de adesão das mulheres no
mercado de trabalho, e, por isso, foi discutida importância de se ter
políticas para que as mulheres conquistem sua autonomia.
No
debate foi levantado que 33% das mulheres ganham a menos que os homens,
mesmo cumprindo a mesma função. Além disso, são 35% nos serviços
terceirizados. “Não é possível pensar na classe trabalhadora, sem pensar
nas mulheres”, afirmou Ana.
A
dirigente ressaltou aos presentes que Dilma vetou a lei que exigia a
aplicação de multa as empresas que pagavam salários inferiores às
mulheres que cumpriam a mesma função dos homens. Para a dirigente, isso
ocorre por conta do machismo ainda existente na sociedade e é preciso
combatê-lo. Ana defende que essa é uma luta dos homens e das mulheres.
“A violência contra as mulheres também precisa ser combatida, pois os
índices de agressão tem sido alarmantes”, acrescentou.
“Não
basta reafirmar que a luta das mulheres é importante, é preciso que a
CSP-Conlutas continue intensificando o encontro das mulheres nos
sindicatos, na organização de trabalho, nas CIPAs, construção de creches
entre outras reivindicações das mulheres”, avaliou.
Ana
disse, ainda, que é preciso ocupar os espaços de discussão nos
movimentos sociais de luta por moradia, onde a maioria são mulheres,
como no caso do Pinheirinho. Todas estas políticas tem o sentido de
garantir e fortalecer a organização das mulheres trabalhadoras.
“A
atual conjuntura nos impõem dois desafios: organização nos espaços
políticos e o nosso fortalecimento. Somente com a organização vamos
construir uma proposta de luta para ser aprovada no 1º Encontro Nacional
das Mulheres da CSP-Conlutas”, conclui.
A
plenária contou com a participação da estudante Daniela, da Federação
Nacional dos Estudantes da Costa Rica, que apresentou a experiência das
mulheres do seu país e reafirmou que a unidade é fundamental para
superar os ataques contra a classe trabalhadora e contra as mulheres.
Também saudou o encontro a sindicalista egípcia Fatma Ramadan, ue esteve
à frente da luta recente dos trabalhadores egípcios.
A
pós essa apresentação ocorreram outras saudações de ativistas sindicais e
de movimentos sociais e a divulgação de experiências de organização de
base no setor privado, público, movimento sindical e movimento popular.
Metalúrgicas
– A dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sâo José dos Campos,
Rosangela Calzavara, parabenizou a CSP-Conlutas pelo debate sobre
organização de base. A sindicalista abordou a experiência e do
fortalecimento das CIPAS, as delegacias sindicais e as comissões de
fábrica, composta por mulheres.
Segundo
Rosângela, é fundamental o debate sobre organização sindical, “desde
que existe o capitalismo, os trabalhadores precisam se organizar”,
falou. Lembrou ainda que desde a traição da CUT e com a política de
retirada de direitos imposta pelo governo Dilma, contra a classe
trabalhadora, é preciso intensificar a organização dos trabalhadores e
trabalhadoras. “Precisamos fortalecer a luta em defesa dos nossos
direitos e, para isso, precisamos trazer as mulheres para essas
discussões”, salientou.
Para
a metalúrgica, vários são os desafios das mulheres entre os quais dupla
jornada, machismo, precarização do serviço com a terceirização e
conquistar espaço dentro dos sindicatos e na política.
“A
sociedade nos divide pela opressão e o machismo, por isso, a vinda das
mulheres ao congresso nacional da CSP-Conlutas é fundamental”,
ressaltou.
Construção
civil – A coordenadora geral do Sindicato da Construção Civil de Belém,
Deuzinha , trouxe as experiências de seu setor, retratando o
crescimento da mão de obra feminina. “Em 2006 eram 99 mil trabalhadoras
nos canteiros de obras e em 2010 já são 180 mil”, contou. O próximo
passo, segundo ela, foi ocupar os espaços do sindicato e construir a
Secretaria de Mulheres. Com isso, a campanha salarial da categoria
incorporou todas as reivindicações das operárias.
“As
nossas dificuldades, como em todos os locais, é o assédio moral, sexual
e o machismo. Lutamos também por escolas e hospitais. Mas é preciso
combater acima de tudo, o machismo dentro dos canteiros de obras”,
ponderou.
Segundo
Deuzinha, as mulheres da construção civil tem atendido o chamado da
CSP-Conlutas e do sindicato, “a grande vitória da nossa organização foi a
participação de 46 operárias no debate de mulheres no 8 de março, e
hoje estamos em sete operárias presentes no 1º Congresso Nacional da
CSP-Conlutas”, concluiu Deuzinha.
Após
as falas da mesa o debate foi aberto para o plenário que enriqueceu o
debate com a troca de experiências das mulheres trabalhadoras.
À
tarde, uma companheira egípcia saudou o encontro e contou as mulheres
aqui do Brasil as dificuldades e lutas das mulheres de seu país.
Foi
a provada uma carta com as principais demandas e desafios das mulheres
para o próximo período. Além disso, foi aprovada a realização de um
próximo encontro para o primeiro semestre de 2013.
Em
seguida foram apresentadas três teses que farão parte dos debates no 1º
Congresso Nacional da CSP-Conlutas. São elas: “Por uma CSP-Conlutas de
base e antigovernistas. Um sindicalismo para além do capital”,
“Construir a unidade da classe trabalhadora da cidade e do campo para
derrotar os ataques dos patrões e dos governos” e “Fortalecer a
CSP-Conlutas: avançar na unidade da luta e na organização de base”.
Fonte:mulheresemluta.blogspot.com
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