A abertura do 1º Congresso da CSP-Conlutas
aconteceu na sexta-feira, dia 27, em Sumaré (SP). Por volta das 18h30, cerca de
1.500 pessoas já se encontravam no plenário, apesar de ainda haver delegações
de vários locais do país programadas para chegar no encontro.
Entre os presentes, caravanas vindas de todo o
pais, como a do Pará, que levou 56 horas para chegar no local do Congresso. Mas
nem a longa viagem de ônibus desanimou os trabalhadores, que eram um dos mais
animados no início da plenária.
Em nome da Secretaria Executiva Nacional da
CSP-Conlutas, Sebastião Cacau, fez uma saudação a todos os presentes. “Aqui
está cada um que ajudou a construir essa ferramenta de luta da classe
trabalhadora, ainda pequena, mas ativa e vigorosa”, discursou. “Vamos debater
as teses, cada proposta. Democraticamente vamos votar nossas resoluções e com
unidade colocar em prática um plano de lutas e organização em defesa dos
direitos do classe trabalhadora”, completou.
Nota do blog: As delegações de Minas Gerais também começaram a chegar
na sexta, sendo que muitas delegadas participaram também do I Encontro de
Mulheres da CSP -Conlutas.
2º Dia:
Um minuto de silêncio. Foi assim que teve início
o ato para marcar o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do
Trabalho, no início do segundo dia do Congresso da CSP-Conlutas.
“Companheiros que foram mortos e acidentados no
trabalho”, chamou o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas
Luiz Carlos Prates, o Mancha. “Presente” responderam em coro todos os
manifestantes presentes no plenário lotado.
“No dia de hoje, lembrado em todo o mundo,
estamos aqui não só para relembrar nossos mortos, mas também para denunciar e
lutar para que as mortes e acidentes não mais aconteçam”, disse Mancha.
Um vídeo ainda no início da atividade, produzido
pela Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, foi apresentado com
entrevistas de especialistas na saúde do trabalhador e traçou um panorama da
situação das condições de trabalho e dos acidentes.
Jordano Carvalho, da coordenacão de saúde da
Federação, um dos coordenadores da mesa do evento, resumiu a situação do
trabalho no Brasil e no mundo: um verdadeiro assassinato dos trabalhadores nos
locais de trabalho. Ele lembrou das mortes que ainda vitimam trabalhadores de
varias categorias e citou exemplos recentes de mortes na construção civil e
metalúrgicos. “O trabalho é um meio de vida e não pode ser um meio morte para o
trabalhador”, disse.
No final da tarde de sábado, segundo dia de
Congresso, o painel sobre “Organização de Base nos locais de trabalho, de
moradia e nas escolas” mobilizou o plenário e foi também um dos temas
principais do Congresso. Não foi à toa o tema “Avançar na organização de base”.
À mesa, o secretário executivo nacional da CSP
Conlutas, José Maria de Almeida; do dirigente do MTST, Felipe Brito; e do
coordenador nacional do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), João
Batista da Fonseca, refletiram sobre como organizar os trabalhadores em seus
locais de trabalho, na luta pela moradia e por terras. Como garantir que os
próprios trabalhadores se organizem em seus espaços para efetivamente serem os
proagonistas de suas lutas.
Dentro desse contexto, a questão
territorial das cidades e do campo, bem como os danos causados pela política
dos Governos, com destaque para os danos causados pela vinda da Copa do Mundo e
das Olimpíadas, também foram assuntos tratados no debate.
Zé Maria, o primeiro a falar, abordou o
problema da burocratização sobre o movimento sindical, a importância da
organização nos locais de trabalho e a necessidade da construção da Central
sustentada por pelo pilar da organização de base. A educação para a
autodeterminação, segundo o membro da Executiva da Central, significa estimular
no trabalhador a ideia de que ele é dono do seu destino e aquilo que ele
decidiu coletivamente tem que ser soberano.
Por outro lado, o dirigente lembrou o
processo de burocratização pelo qual passou a CUT e mencionou um questionamento
muito comum entre os trabalhadores: O que vai garantir que a CSP-Conlutas não
se transforme numa nova CUT daqui a alguns anos?
“Responder a essa pergunta de forma
positiva é que nos impõe a demanda de promover essas mudanças profundas na
nossa forma de organização”, disse referindo-se ao projeto político de
organização de base. Ou seja, a democratização dos sindicatos, que diz respeito
à importância da presença do sindicato nos locais de trabalho; o fortalecimento
das lutas, que ocorre com os trabalhadores organizados em cada local de
trabalho e, por fim, respeitar efetivamente a autodeterminação dos
trabalhadores: são eles quem decidem.
Um dia cansativo não desanimou os participantes
do Congresso da CSP Conlutas para o ato que ocorreu na noite de sábado (28) de
abril no auditório principal da Estância Árvore da Vida. Com o tema ‘Ditadura
Militar, anistia política e direito de organização de base”, centenas de
participantes assistiram ao ato público que, mais do que uma denúncia ao regime
militar, serviu como verdadeiro resgate histórico da luta do movimento sindical
e popular.
A mesa do ato, no lugar de uma ou duas
personalidades, foi composta simbolicamente por diversos perseguidos políticos
da ditadura militar. Mais precisamente militantes que atuavam no movimento sindical
e que foram presos e demitidos de forma arbitrária, e que fazem parte de uma
campanha por reparação. “Aqui não se trata tão somente de uma questão de
memória, mas também de verdade e Justiça”, afirmou Aderson Bussinger, advogado
e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ.
Bussinger lembrou que as torturas e a perseguição
política não ficaram no passado, mas fazem parte do presente. ”Sabemos que
existe tortura nas delegacias, perseguição a ativistas políticos, então essa
não é uma questão só de passado, mas se refere também ao presente, e de futuro,
para que esse tipo de coisa não se repita” disse.
3º Dia
Resolução Nacional: Governo Dilma, lutas, pacto social e eleições
são temas de resoluções nacionais
A situação nacional, debatida nos grupos no
sábado, foi o segundo tema de votação das resoluções, votado ainda ontem.
O balanço do governo
Dilma, a situação do Brasil em meio à crise econômica mundial, a criminalização
dos movimentos sociais, a retomadas das lutas operárias e demais setores da
classe trabalhadora marcaram a maioria das discussões.
Uma proposta que foi aprovada por maioria
em diversos grupos, e a também aprovada por ampla maioria pelos delegados como
resolução, alerta para que a classe trabalhadora não tenha nenhuma ilusão no
governo Dilma e que só a luta dos trabalhadores e da juventude pode garantir
emprego, terra, saúde, educação e moradia para todos.
O texto salienta que o Brasil reflete de
maneira ainda limitada os efeitos da crise internacional, porém, não está imune
à crise. É diante disso que o governo e os patrões, prevenindo-se do seu
agravamento, realizam uma série de ataques e preparam novas medidas que
representarão perdas aos trabalhadores.
Os escândalos de corrupção do governo
Dilma, o caráter e as ações pro-imperialistas do governo, como a manutenção da
ocupação do Haiti, e a ofensiva de criminalização das lutas sociais também
foram destacadas.
A resolução reafirma o apoio da
CSP-Conlutas a todas as lutas e chama à construção de um plano de ação de
unifique, em uma jornada comum, todas as mobilizações contra as políticas
anti-trabalhador do governo Dilma e da burguesia.
Congresso rejeita o pacto social e
aprova participar na mesa nacional da construção pesada
Sobre o movimento das centrais sindicais
governistas que têm articulado junto com as entidades patronais, como a FIESP,
um movimento contra uma suposta “desindustrialização” foi aprovada uma
resolução contrária a esse pacto social.
Segundo a resolução, essa é mais uma
armadilha contra os interesse da classe trabalhadora. Afirma ainda que não se
trata de defender a indústria nacional ou os empregos. Mas sim de garantir mais
lucros aos patrões.
A atuação da CSP-Conlutas no último período e
propostas referentes à organização da Central foram os temas das primeiras
resoluções aprovadas pelos delegados neste domingo, dia 30, último dia do
Congresso.
Sobre o balanço da atuação da Central,
houve um consenso de que apesar de ainda ser uma central minoritária no
movimento sindical e popular, a CSP-Conlutas interveio nas principais lutas
ocorridas no país.
Ao plenário foram apresentadas duas propostas de
balanço geral. A Resolução 1, aprovada por maioria em diversos grupos de
trabalho, foi aprovada por maioria no plenário.
Foi destacado que a Central atuou
ativamente em diversas campanhas políticas, lutas de categorias, eleições
sindicais, congressos, jornadas do movimento popular, lutas estudantis,
plebiscitos populares, entre outras. Destacou-se ainda a intervenção
internacional, em países como Haiti, Palestina, Chile, Argentina, da Europa,
entre outros.
A resolução destaca que apesar do balanço
positivo, há muito que se avançar, seja na estruturação da Central, na plena
incorporação dos movimentos populares, estudantis e de luta contra as
opressões, no combate às praticas discriminatórias no interior das entidades,
ao machismo e ao preconceito, no combate à burocratização e no fortalecimento
da organização de base. “São deficiências que não hesitaremos em enfrentar”,
diz trecho da resolução.
O balanço do Conclat, realizado em 2010, a
política de Unidade de Ação da CSP-Conlutas, eleições e chapas sindicais também
foram assuntos debatidos.
Outro tema que foi à votação foi um balanço
específico sobre a questão do movimento popular, a partir de uma proposta de
resolução discutida no grupo de trabalho. A resolução 3 reconheceu o avanço
importante que foi a definição do caráter da central como sindical e popular,
no Conclat, em 2010, a inovação da medida na história do movimento sindical
brasileiro. Contudo, salientou dificuldades e limites da real incorporação do
movimento popular, em questões financeiras, políticas e atividades. A resolução
foi defendida pelo membro da Secretaria Executiva, Guilherme Boulos.
O tema foi para votação no plenário, pois houve
posição contrária a essa resolução. Por ampla maioria, os delegados rejeitaram
a resolução. Os delegados votaram a favor da defesa feita por Ana Pagamunici,
que ressaltou o balanço positivo da decisão de incorporação do movimento
popular na Central, em 2010, e apesar das dificuldades, conseguiu avanços sente
sentido, apesar de considerar que muito ainda há de ser feito.
Organização e estatuto
Questões organizativas e estatutárias foram a
voto no plenário. Em discussão temas como organização das instâncias estaduais
e regionais, composição da Secretaria Executiva Nacional, percentual de
contribuição à central, posição da Central em relação ao imposto sindical,
entre outros.
Uma das principais discussões foi a
proposta de mudança de nome da entidade para CSP – Central Sindical e Popular.
A proposta, defendida pela presidente do Andes-SN, Marina Barbosa, e da
executiva da Central, considerava que a mudança seria um sinal para outros
setores no sentido de avançar na unidade e filiação à CSP-Conlutas.
José Maria de Almeida, da executiva
nacional da CSP-Conlutas, defendeu a manutenção do nome, alegando que a marca
atual é um patrimônio construído por todos que participaram da construção da
CSP-Conlutas, que é reconhecida por todos aqueles que lutam no país e que
rompem com o sindicalismo governista.
A manutenção do nome foi aprovada pela
maioria dos delegados presentes.
Nota do
blog: Foi um Congresso muito vitorioso. Avançamos nas questões referentes a
organização de base e no processo de reorganização da Classe Trabalhadora.
Foram muitas falas, muitos aplausos e muitas lágrimas. Crescemos com os temas
debatidos e acreditamos firmemente que as feridas do Conclat ficaram pra trás.
Lamentamos a ruptura da LER-QI, mas saudamos os companheiros da FENASPS que
propuseram de agora em diante participar dos fóruns da CSP`-Conlutas. PARABÉNS
A TODOS NÓS QUE ASSUMIMOS O DESAFIO DE CONSTRUIR A CSP-CONLUTAS! ATÉ A PROXIMA
PESSOAL!
Fonte:cspconlutas.org.br
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