quinta-feira, 5 de abril de 2012

LATIFÚNDIO EXECUTA TRABALHADORES NO TRIÂNGULO MINEIRO!

No dia 24 de março, último sábado, três trabalhadores sem terra da organização irmã, MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) foram brutalmente assassinados enquanto se deslocavam num veículo, da Fazenda São José dos Cravos para a cidade de Uberlândia. O imóvel foi ocupado há 05 meses, e a liminar de reintegração de posse foi expedida pelo juiz agrário de Minas Gerais na véspera do massacre. 

Os três trabalhadores eram coordenadores do acampamento: Clestina Leonor Sales Nunes, 48 anos; seu marido Milton Santos Nunes, 52 anos; e Valdir Dias Ferreira, 39 anos. O veículo em que estavam foi interceptado e os três identificados e baleados na cabeça. O netinho de Clestina e Milton, criança de 05 anos, que estava no carro, só não foi executado porque escondeu entre os bancos e os corpos.

Para o MTL não há dúvidas que foram mortes encomendadas pelo latifúndio e agronegócio revelando uma ação dirigida que coloca em risco todos os lutadores da reforma agrária na região. Pessoas estranhas rondavam o acampamento e sabiam em especial, da liderança de D. Clestina. Há anos denunciamos grupos para-militares que agem no Triângulo Mineiro, dos quais integrantes do MTL e da CPT já foram vítimas. Lideranças de todos os movimentos sociais que aqui atuam, estão sendo seguidas e reuniões de coordenações estão sendo vigiadas. Latifundiários tentam infiltrar comparsas nos acampamentos.

Esses crimes bárbaros não podem ficar impunes. Exigimos da polícia civil agilidade nas investigações. Na véspera dos crimes dois pistoleiros foram pegos com armas pesadas em outro município da região, pagaram fiança e foram soltos, apesar de contra eles pesarem várias denúncias do Ministério Público por crimes a eles atribuídos.

Esse massacre é um alerta a toda sociedade brasileira. O Brasil é o segundo país do mundo em maior concentração fundiária. Lideranças de trabalhadores, religiosos(as) inseridos nas causas populares e advogados(as) são assassinados diariamente.

 O Triângulo Mineiro, tradicional na monocultura da soja e na pecuária de corte, foi escolhido pelos governos Lula e Dilma como um dos principais pólos do país para a expansão da cana de açúcar. Esses governos são também os responsáveis pela concentração fundiária e pelos assassinatos no campo. Oferecem todo apoio ao agronegócio (créditos abundantes e subsidiados, pesquisas, assistência técnica, perdão de multas aos desmatadores, alteração do código florestal). Enquanto em 2011 49,5% do orçamento da União foi destinado para pagamento de juros da dívida, o investimento em Reforma Agrária não chegou a 1%. O INCRA continua sendo sucateado, não tem recursos nem mesmo para viagens de seus técnicos, não vistoria e não desapropria os imóveis improdutivos, para os assentamentos faltam créditos, infra-estruturas e assistência técnica qualificada.  

Hoje, menos de 15% da população brasileira está no campo, pois não interessa a esse Governo promover uma reestruturação fundiária do país, distribuir a terra, promover a justiça, punir os massacres e possibilitar vida digna para as populações rurais. Tudo para o agronegócio! Nada para os sem terra!

Outro poder conivente com o latifúndio é o Judiciário. Juízes são ágeis para conceder reintegração de posse aos latifundiários, fazem vista grossa aos crimes ambientais e criminalizam lideranças dos movimentos, mas, morosos com os processos envolvendo ameaças, violências e massacres contra os trabalhadores, ignoram em suas decisões o princípio Constitucional que exige o cumprimento da função social da propriedade, não observam a função social do exercício da magistratura e não cobram do governo uma justiça social.

O MTL se solidariza com o MLST, com as famílias acampadas na São José do Cravos e exige a punição imediata dos mandantes e executores das mortes de Clestina, Milton e Valdir. Solicitamos também, o ingresso da Polícia Federal nas investigações, pois não se trata apenas de crimes isolados, mas de uma ação regional e nacional arquitetada pelo latifúndio.

Conclamamos todos os Movimentos Sociais do campo, pastorais, sindicatos, lideranças políticas e a população em geral para nos somarmos, efetivamente, numa forte união pela punição dos responsáveis desse triplo homicídio e para exigirmos a realização da Reforma Agrária no país.

Viva a luta pela Reforma Agrária!

Viva a coragem de Clestina, Milton e Valdir!!!


Uberlândia, 30 de março de 2012


MTL – MOVIMENTO TERRA TRABALHO E LIBERDADE   

Fonte: cspconlutas.org.br

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