segunda-feira, 10 de março de 2014

Ato unificado do 8 de Março reúne mais de 500 ativistas em Belo Horizonte e questiona a Copa do Mundo

No País sede da Copa do Mundo de 2014, onde mais de 30 bilhões de recursos públicos são gastos com a FIFA e muitos outros milhões em exoneração dos empresários em troca de apoio ao evento, acompanhamos a calamitosa situação de ter, diariamente, uma mulher espancada a cada 2 minutos, e uma vitima fatal a cada 1 hora e meia. O feminicídio, crime de ódio decorrente de conflitos de gênero, é uma das expressões mais bárbaras do machismo e mata 15 mulheres a cada 24 horas, sendo quase seis mil por ano. Os dados são do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e os números não param por aí. A maioria das vitimas de violência são mulheres negras, as mesmas que também sofrem com as piores remunerações, e cargos mais precarizados do mercado de trabalho.
As mulheres também são as que mais sofrem pela falta de investimentos nos serviços públicos essenciais, a organização patriarcal da sociedade coloca os cuidados domésticos e dos filhos como uma tarefa exclusivamente feminina. Por isso são elas as principais prejudicadas pela falta de investimento em saúde, educação, moradia e transporte. E quando decidem sair às ruas para protestar são recebidas com repressão pela policia.
Por isso, esse ano o 8 de março – Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora – que reuniu mais de 500 mulheres, em seu ato unificado em Belo Horizonte teve como tema a palavra de ordem: “DA COPA ABRIMOS MÃO! QUEREMOS SAÚDE, MORADIA, TRANSPORTE E EDUCAÇÃO. ABAIXO A REPRESSÃO!”, a manifestação foi marcada pela denúncia aos gastos da Copa do Mundo e exigências às pautas feministas com um caráter de independência dos governos e dos patrões. Além disso, foram feitas intervenções na cidade denunciando a mercantiliação do corpo da mulher, principalmente das mulheres negras tidas como “mulatas exportação”, denunciando o turismo sexual da Copa.
Mas as pautas não pararam por aí, o 8 de Março também pautou a melhoria do transporte público em nossa cidade, exigindo à Tarifa Zero e fim dos assédios em ônibus e metrôs; reivindicou a histórica bandeira da legalização e descriminalização do aborto; e se somou às lutas contra a repressão e o genocídio da juventude negra; pela livre orientação sexual das mulheres, contra a Lesbo/Transfobia e contra o estupro corretivo; pela manutenção das ocupações urbanas, em que muitas mulheres são chefes de família e contra todos os tipos de violência à mulher. O ato também fez uma homenagem especial à Sandra Fernandes, ativista do Movimento Mullheres em Luta de Pernambuco; que recentemente se somou aos tristes números das vitimas fatais do machismo ao assassinada junto ao seu filho por seu ex-marido.
O ato terminou com uma ação simbólica de questionamento à Copa do Mundo no Brasil, quando às centenas de mulheres em luta atiraram tintas, pixaram e colaram cartazes no relógio da Copa, na Praça da Liberdade. 
Todas as pautas expressas nesse ato, demonstram que a luta das mulheres, para além do 8 de março, deve continuar sendo cotidiana. Nós, do MML acreditamos que construir a luta com unidade e independência é importante para o combate ao machismo.

Participaram do ato unificado: Sind-Rede/BH, Ocupação William Rosa, MML, Bloco das Pretas, Coletivo pela Marcha das Vadias, Rede Feminista de Saúde, Coletivo Frida Kahlo, ANEL, Luta Popular, CSP-Conlutas, Quilombo Raça e Classe, Coletivo Pão e Rosas, Aspromig, PSTU, PSOL, PCB, LER-QI, IHG, Sindsaúde Contagem e centenas de ativistas feministas independentes da cidade.













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