No País sede da Copa do Mundo de 2014,
onde mais de 30 bilhões de recursos públicos são gastos com a FIFA e muitos
outros milhões em exoneração dos empresários em troca de apoio ao evento,
acompanhamos a calamitosa situação de ter, diariamente, uma mulher espancada a
cada 2 minutos, e uma vitima fatal a cada 1 hora e meia. O feminicídio, crime
de ódio decorrente de conflitos de gênero, é uma das expressões mais bárbaras
do machismo e mata 15 mulheres a cada 24 horas, sendo quase seis mil por ano.
Os dados são do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e os números
não param por aí. A maioria das vitimas de violência são mulheres negras, as
mesmas que também sofrem com as piores remunerações, e cargos mais precarizados
do mercado de trabalho.
As mulheres também são as que mais
sofrem pela falta de investimentos nos serviços públicos essenciais, a
organização patriarcal da sociedade coloca os cuidados domésticos e dos filhos como
uma tarefa exclusivamente feminina. Por isso são elas as principais prejudicadas
pela falta de investimento em saúde, educação, moradia e transporte. E quando
decidem sair às ruas para protestar são recebidas com repressão pela policia.
Por isso, esse ano o 8 de março – Dia
Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora – que reuniu mais de 500 mulheres,
em seu ato unificado em Belo Horizonte teve como tema a palavra de ordem: “DA
COPA ABRIMOS MÃO! QUEREMOS SAÚDE, MORADIA, TRANSPORTE E EDUCAÇÃO. ABAIXO A
REPRESSÃO!”, a manifestação foi marcada pela denúncia aos gastos da Copa do
Mundo e exigências às pautas feministas com um caráter de independência dos
governos e dos patrões. Além disso, foram feitas intervenções na cidade
denunciando a mercantiliação do corpo da mulher, principalmente das mulheres
negras tidas como “mulatas exportação”,
denunciando o turismo sexual da Copa.
Mas as pautas não pararam por aí, o 8
de Março também pautou a melhoria do transporte público em nossa cidade,
exigindo à Tarifa Zero e fim dos assédios em ônibus e metrôs; reivindicou a histórica
bandeira da legalização e descriminalização do aborto; e se somou às lutas contra
a repressão e o genocídio da juventude negra; pela livre orientação sexual das
mulheres, contra a Lesbo/Transfobia e contra o estupro corretivo; pela manutenção
das ocupações urbanas, em que muitas mulheres são chefes de família e contra
todos os tipos de violência à mulher. O ato também fez uma homenagem especial à
Sandra Fernandes, ativista do Movimento Mullheres em Luta de Pernambuco; que
recentemente se somou aos tristes números das vitimas fatais do machismo ao assassinada
junto ao seu filho por seu ex-marido.
O ato terminou com uma ação simbólica
de questionamento à Copa do Mundo no Brasil, quando às centenas de mulheres em
luta atiraram tintas, pixaram e colaram cartazes no relógio da Copa, na Praça
da Liberdade.
Todas as pautas expressas nesse ato, demonstram
que a luta das mulheres, para além do 8 de março, deve continuar sendo
cotidiana. Nós, do MML acreditamos que construir a luta com unidade e independência
é importante para o combate ao machismo.
Participaram do ato unificado: Sind-Rede/BH,
Ocupação William Rosa, MML, Bloco das Pretas, Coletivo pela Marcha das Vadias,
Rede Feminista de Saúde, Coletivo Frida Kahlo, ANEL, Luta Popular,
CSP-Conlutas, Quilombo Raça e Classe, Coletivo Pão e Rosas, Aspromig, PSTU,
PSOL, PCB, LER-QI, IHG, Sindsaúde Contagem e centenas de ativistas feministas
independentes da cidade.
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