domingo, 24 de junho de 2012

SEMINÁRIO DISCUTE O RISCO DA SILICOSE EM ALPINÓPOLIS!

O Sindicato dos Trabalhadores na Extração e Transformação Mineral de Alpinópolis e Região – Sintemar promoveu na última sexta-feira (15), em Alpinópolis (MG) o Seminário “Silicose e Saúde do Trabalhador”. Cerca de 150 pessoas participaram do evento realizado na Câmara Municipal de Alpinópolis e que teve início às 18h30. Após a composição da mesa dos trabalhos o estudante Hugo Sousa da Fonseca interpretou o Hino Nacional Brasileiro. Em seguida passou-se para a pauta do Seminário, sendo que por quase quatro horas trabalhadores, representantes do Executivo Municipal, sindicalistas e uma engenheira de saúde e segurança no trabalho se revezaram nas exposições e apresentação de sugestões.

O servidor público Sanderson Flávio de Oliveira, referência técnica do município para a questão silicose, representando a Secretaria Municipal de Saúde, e Secretária Municipal de Assistência Social, Juliana Pimenta, confirmaram que constam dos cadastros municipais que há no município de Alpinópolis, comprovados, 42 casos de trabalhadores portadores de silicose, sendo um caso de trabalhadores da extração e os demais em depósito, local em que se dá a serragem das pedras. A assistente social relatou que o perfil predominante dos afetados pela doença é de homens, com idade entre 30 e 35 anos, com pouco estudo e casado.

A engenheira de segurança no trabalho, Dra. Marta de Freitas, ex-diretora da Fundacentro e atualmente assessora de saúde do trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria – CNTI, fez uma exposição técnica sobre o tema. “Mais de 99% do quartzito é composto por sílica, ou seja, a pedra mineira é sílica pura e a inalação do pó da pedra (sílica) vai sendo depositado no pulmão do trabalhador e dependendo do processo utilizado na produção três anos e até menos são suficientes para levar o trabalhador à invalidez. Não queiram ver a morte de um portador de silicose, é terrível, a pessoa morre consciente, com falta de ar, sem conseguir respirar”, revelou.

A Dra. Marta de Freitas disse ainda que a constatação do caso de silicose em um extrator em 2009 é preocupante e que certamente isso se deve a mudanças na forma de extração da pedra, com o uso de perfuratriz. Para ela a prevenção, com a adoção de medidas e técnicas simples de segurança e saúde do trabalhador, é o único meio de impedir a proliferação da doença. “É preciso vontade política do empregador em colocar a salvo da doença o trabalhador, em primeiro lugar com a adoção de medidas de proteção coletiva e em segundo lugar o fornecimento de equipamentos de proteção individual” disse a engenheira, que informou que há muito tempo já se sabe no Brasil o que fazer para evitar a silicose e sugeriu a adoção no município do Programa Nacional de Erradicação da Silicose, do Ministério do Trabalho. Freitas citou exemplo de trabalho feito em Nova Lima, na Mina Morro Velho, que desde 1989 não registra caso novo de silicose, sendo que quando o Programa de Erradicação foi implantado havia mais de seis mil trabalhadores afetados pela doença.

O depoimento de um trabalhador com silicose, de 29 anos de idade, emocionou os presentes. Ronaldo Silva de Oliveira relatou as dificuldades que vem enfrentando para sobreviver e sustentar a família. Sem conseguir emprego formal porque não consegue ser aprovado no exame admissional, o trabalhador chegou a ser preso pela Polícia Ambiental por estar retirando pedras em um monte de entulhos abandonado. O trabalhador disse que não deseja aos companheiros de profissão o que tem passado e conclamou a todos para que se unam e exijam melhores condições de trabalho aos que estão na ativa e dignidade no tratamento aos que não conseguem mais produzir. “Cantamos no início o hino nacional. Não basta dizer com a boca verás que um filho seu não foge à luta, é preciso dizer isso com o coração e agir para que ninguém fique doente ou morra buscando a sobrevivência e o sustento da família”, disse emocionado o jovem.

O último a falar foi o secretário regional da CNTI, Cláudio Ferreira, que reiterou o compromisso firmado pela engenheira Marta de Freitas, de que a CNTI quer ser parceira na implantação do Programa de Erradicação da Silicose em Alpinópolis, informando ainda que em agosto a entidade, em parceria com a CSP-Conlutas irá implantar o Forum Regional Permanente de Segurança e Saúde do Trabalhador.

Em suas considerações finais os debatedores elogiaram a organização do evento e todos se mostraram dispostos em contribuir com a implantação do Programa de Erradicação da Silicose no Município.

No final, o presidente do Sintemar, Osmar, e também o vice-presidente Ditinho, agradeceram os debatedores pela contribuição e destacaram que contam com a ajuda de todos para solução de tão grave problema.

O Seminário foi dirigido pelo advogado Paulo Fonseca, representante do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade – MTL/MG, que alertou para o fato de que em pelo menos outros seis municípios da região há exploração da pedra mineira, o que induz que a discussão seja levada aos municípios de Capitólio, Carmo do Rio Claro, Guapé, Ilicínea, São João Batista do Glória e São José da Barra.

O evento promovido pelo Sintemar contou com o apoio da Central Sindical e Popular CSP-Conlutas, da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade-MTL, da Associação de Promoção, Desenvolvimento e Proteção Cultural de Alpinópolis-ASSOPROCULTURAL e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria-CNTI.

O evento foi coberto por diversos órgãos de imprensa local e regional.

 http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/jornal-da-eptv/videos/t/edicoes/v/seminario-discute-os-males-da-silicose-em-alpinopolis-mg/1996575/

Fonte: cspconlutas.org



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