A cidade onde aconteceu o terremoto continua um caos, ruas emburacadas, lixo, esgoto a céu aberto, falta de energia nos bairros mais pobres, muita gente nas ruas vendendo coisas, e poucos compradores. As poucas reconstruções são individuais. Não vimos nenhuma obra do governo em andamento. Ontem a noite haviam alguns trabalhadores com picaretas cavando o asfalto no centro de Porto Principe (tipo operação tapa buraco).
Fomos informados que nesse momento estava acontecendo uma caravana do governo Martelli com algumas pessoas da ONU, em verdadeiro teatro pros gringos verem. Os edifícios governamentais ainda continuam no chão, do mesmo jeito desde o terremoto. Na área mais afetada, no centro comercial, apenas um mercado foi reconstruído pelo próprio proprietário, que é dono da empresa de telefonia.
No dia de ontem, pela manhã, participamos de uma coletiva de imprensa junto com o BO e o PAPDA. Vieram cinco rádios e um canal de televisão. Giberto fez uma exposição e leu nossa carta pedindo a retirada das tropas e fim das perseguições sindicais aos companheiros do SOTA.
Pela tarde tivemos uma reunião com operários do B.O, autonômos, camponeses. Foi relatada a história do movimento sindical no Brasil, surgimento da CUT e PT e também como surgiu a CSP-Conlutas. Outro tema discutido foi a nossa experiência sindical em São José dos Campos, luta contra burocratização, internacionalismo, democracia operária, etc. A reunião foi muito participativa e terminou à luz de velas pois não havia energia.
Hoje participamos de um seminário que discutiu a crise econômica mundial, movimentos sociais. Compondo a mesa uma representação do OIT, que se comprometeu a levar adiante as denúncias apresentadas. Nossa participação abordou o tema da ocupação militar e direitos sindicais e foi apresentada pelo companheiro GIBA. Ele foi muito bem!
Nesse momento, não existem mais liderancas do BO presas. No dia 24 foram libertados 5 companheiros, ontem mais 3. E ocorreu uma atividade também no dia de ontem, por moradia na àrea rural, sendo que uma liderança foi presa, mas pela força da mobilização, tiveram que liberar o dirigente do movimento.
Amanhã estamos retornando a República Dominicana de onde partiremos no dia 28, às 12h para o Brasil.
Um abraço,
Antônio e GIBA
Adaptado por Andréa Carla Ferreira
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