quinta-feira, 2 de junho de 2011

Termina a greve na CSN, trabalhadores saem vitoriosos

                Nesta quarta-feira, dia 1 de junho, foi suspensa a greve dos 2500 trabalhadores da mina Casa de Pedra da CSN, em Congonhas (MG). Após cinco dias de uma forte greve, a CSN apresentou uma nova proposta aos trabalhadores, a qual será levada à assembléia geral da categoria nesta sexta-feira (03/06).  
O acordo apresentado prevê 8,3% de aumento salarial retroativo a maio, R$ 250 no Cartão Alimentação, R$ 300 de abono, não desconto dos dias parados, estabilidade de 90 dias para os grevistas, nenhuma punição aos trabalhadores. Na opinião do sindicato o acordo foi insuficiente, mas representou um avanço em relação à última proposta.

Greve histórica
               A greve dos trabalhadores mineiros da CSN teve um significado histórico.  As últimas greves do setor mineral no país datam da década de 80. Ao cruzarem os braços por cinco dias, enfrentando a brutal repressão da empresa e da polícia, os funcionários da CSN abriram um novo caminho para os trabalhadores da mineração. “A partir de agora a palavra “greve” ecoará por todas as minas do Brasil e incendiará a campanha salarial da Vale no segundo semestre” afirma Valério Vieira, presidente do sindicato.

Greve derrota a CSN
       A CSN, buscando derrotar a greve, apelou para a violência física e psicológica sobre seus trabalhadores.  Seu único objetivo era, através da truculência e brutalidade, destruir pela força o movimento.
            Primeiro, a empresa fez ameaças dizendo que ia “cortar todos os benefícios” dos trabalhadores. Depois, contratou “bate-paus” e “capangas” armados para amedrontar a categoria.
Não satisfeita, a CSN deixou em cárcere privado dezenas de trabalhadores no interior da mina, que foram obrigados a trabalhador mais de 24H seguidas.  Não conseguindo quebrar a greve que estava muito forte, conseguiu na calada da noite uma liminar “fantasma” que impediu os piquetes de esclarecimento.
            Ainda desesperada com a força da greve que comprometia a produção, a empresa partiu para as ameaças de demissões, assediando os funcionários e suas famílias.  “A CSN extrapolou todos os limites e nos relembrou os piores momentos da Ditadura Militar, em que eram proibidos o direito de greve e a livre organização dos trabalhadores” explica Efraim Moura, coordenador das negociações pelo sindicato. 
            Mas não foi suficiente a violência. A greve já havia conquistado os corações e mentes dos trabalhadores e foi além, conseguiu o apoio e a solidariedade ativa de toda a sociedade. Moradores, aposentados, estudantes, professores, enfim, a população ficou do lado da greve. A igreja da cidade, os vereadores, as associações de moradores também estavam pela greve.
 
                Ao final, a CSN se viu isolada e odiada pelo conjunto dos trabalhadores e pelo povo. A derrota - política e moral - da empresa foi categórica. “Da cidade de onde retiram a riqueza e deixam os buracos e a destruição, a empresa sentiu somente o repúdio e a indignação. A luta econômica tornou-se política. A CSN terá dias difíceis pela frente. Essa luta que começou pelos salários, agora é também pelo controle da riqueza produzida, o povo e os trabalhadores sabem: o minério tem que ser nosso! A luta só começou...”, afirma Valério Vieira, presidente do sindicato Metabase Inconfidentes, que é filiado a Central Sindical CSP-Conlutas.

Próximos passos
                O sindicato Metabase acredita que a greve foi apenas o início de uma importante e longa luta contra a exploração e ganância da CSN. Por isso, encaminhará as seguintes propostas:
1)       Sindicato fará uma grande assembléia para discutir com os trabalhadores as lições da greve e aprovar a proposta de acordo dia 3 junho (sexta-feira).
 
2)       O sindicato vai iniciar, em conjunto com a sociedade civil organizada, uma campanha em defesa de Congonhas com o lema "O Minério tem que ser Nosso".
 
3)         O Metabase vai entrar com uma representação no ministério público, na comissão de direitos humanos da ALMG e na corregedoria da PM para apurar as violações aos direitos humanos ocorridos durante a greve.

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