quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

BASTA DE DESCASO COM OS TRABALHADORES: EXIGIMOS SOLUÇÕES PARA OS ATINGIDOS PELAS CHUVAS!

Declaração da Coordenação Estadual da Central Sindical e Popular Conlutas*


Em meio à virada do ano, em mais de 71 municípios mineiros as autoridades declararam “situação de emergência” devido aos estragos causados pela péssima infraestrutura do país que não está suportando as constantes chuvas, ocasionando enchentes e deslizamentos. A situação de emergência não significa que serão executadas medidas efetivas de solução para o problema. Em Minas, 5 pessoas já morreram, 3 estão desaparecidas, 8 morreram e quase 10 mil pessoas estão sem moradia, com muitos dos seus pertences destruídos.

Uma vez mais os trabalhadores e a população pobre de Minas Gerais sofrem com as conseqüências das chuvas. Mais de 123 cidades foram atingidas.  Muitas famílias, em razão do descaso dos governantes (que não investem em obras de prevenção) e das enormes desigualdades sociais impostas pelo capitalismo, moram em áreas de risco ou têm suas casas constantemente invadidas pelas águas. Já se tornaram “coisa natural” aos olhos da imprensa e dos governos a situação de trabalhadores que perdem todos seus bens, duramente adquiridos, nas inundações e desabamentos, sem falar naqueles que perderam a própria vida.

Os governos e a grande mídia apontam dois vilões: as chuvas e a própria população pobre que “escolhe morar em áreas de risco (barrancos e à beira dos rios e córregos)” e que joga lixo nas ruas comprometendo os bueiros. Nada mais conveniente que responsabilizar a vítima por sua própria desgraça.  
De quem é a culpa?
Primeiramente a chuva não é a responsável, pois ela é um fenômeno da natureza e sua periodicidade já é conhecida por nós, diferentemente dos terremotos, maremotos e outros fenômenos. O aumento do volume pluviométrico (das águas da chuva), este sim podem ter uma relação com as mudanças ambientais produzidas pelos empreendimentos das elites governantes, entretanto não é ela, a chuva, a grande responsável pelas tragédias, por mais que queiram estabelecer uma relação direta entre chuva – enchente – desgraça.

Outro apontado enquanto responsável é a população que mora em áreas de risco e a sua insistência em não abandonar a própria casa. Estes também são os campeões da culpabilidade segundo a mídia jornalística, que desconsidera os reais motivos que levam as famílias a “optarem” por moradias em locais de riscos. Desconsideram que não há uma política de habitação em nosso país e muito menos no estado de Minas, que garanta moradia digna e segura para a população. O projeto Minha Casa, Minha Vida do governo federal atendeu uma ínfima quantidade de famílias, se constituindo enquanto uma farsa eleitoreira.

Este discurso de culpabilizar a vítima é falso e de má fé. A responsabilidade das tragédias decorrentes das enchentes decorre da falta de vontade política dos governos municipais, estaduais e federal.

Estes alegam que faltam recursos, mas está claro que isso não é verdade. Haja visto os investimentos bilionários para as obras da copa e para o pagamento das dívidas externa e interna, ações que só beneficiam empreiteiras, multinacionais e banqueiros enquanto os trabalhadores e os serviços públicos do estado ficam à míngua.

Oportunismo sem limites
Alguns governos tem se utilizado das enchentes para benefício próprio, ao declararem estado de emergência nas cidades. Assim é permitido ao prefeito realizar diversos contratos de serviço e de compras sem licitações. Outros, como aconteceram nas tragédias das cidades do estado do Rio de Janeiro do inicio do ano de 2011, desviaram recursos destinados para o socorro das vitimas das enchentes. Inclusive teve prefeito que foi afastado por essa razão.

Chega de hipocrisia: exigimos soluções efetivas
Está cada vez mais claro que o governo Dilma, o governo Anastasia, os demais govenadores das áreas atingidas e os governos municipais não resolvem o problema das enchentes por falta de vontade política. Em várias capitais do país estão construíndo obras faraônicas cujo objetivo é preparar as cidades para a copa e favorecer as grandes empreiteiras que, certamente, retornarão o favorecimento em forma de financiamento de campanha eleitoral. Assim como as mineradoras que também tem comprometido o meio ambiente causando problemas ambientais de toda a ordem.

Aos atingidos pelas enchentes, expressamos a nossa solidariedade, desejamos força para a superação das perdas e muita união para lutarmos por soluções permanentes contra os efeitos das chuvas.

Aos governos municipais, estadual e federal, manifestamos nosso repúdio ao descaso e hipocrisia. Exigimos investimento massivo em obras de prevenção às enchentes e condições de salário e moradia digna aos trabalhadores que se vêem sem alternativa além das áreas de risco para morar.

Convocamos as centrais, os sindicatos, as organizações populares e estudantis a organizarem iniciativas de exigência aos governantes e solidariedade aos trabalhadores atingidos pelas enchentes, enxurradas e desmoronamentos.

Somente os trabalhadores e a população pobre através de sua unidade enquanto classe explorada poderá apontar uma saída definitiva para os problemas que vem prejudicando a todos e ceifando centenas de vidas. Vamos seguir o exemplo dos povos da Europa e do Mundo Árabe que tem saído às ruas e ocupado praças, em favor de seus direitos e pela construção de uma sociedade verdadeiramente justa.

Veja imagens dos desastres resultantes do descaso dos governos:
Guaraciaba

Congonhas

Guidoval

Ponte Nova

Muriaé

Juiz de Fora

ATUALIZADO ÀS 15H42.

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